Simples Detalhe

Nessa tarde não joguei palavras ao vento,
nem ideias no papel,
apenas sentimentos no infinito...
repousei a mente num oásis perdido em meu intelecto
com olhos fechados ainda podia ver, estática no chão eu conseguia voar
sem me mover;
sem enxergar
apenas sentindo.
Hoje não estou para ninguém, não fale se não quer ouvir
apenas eu e ele, o pensamento firme, mas leve;
atraímos as memórias gostosas
das manhãs agridoces. Sabor de novidade,
e a razão? deixe que se vá, que leve consigo suas regras,
seus absurdos e
me deixe aqui.
Sons tênues marcam compassos distintos mas se perdem, se esvaecem
ao toque do tempo,
porém a música não para;
a valsa vital que conduz os passos do destino
jamais cessa
e eu aqui, sonhando com essa beleza,
viajo dentro de casa
o entardecer não vi, o frio noturno não senti,
apenas me envolvi
num compromisso eterno
de não interferir neste momento com minhas indagações
vindas do mundo real e
deixar fluir o surreal, envolver-se com o que há de mais distante
da realidade.
Batem na porta, insistem, mas já me atrelei
dentro de sonhos particulares, pensamentos que ninguém pode tomar e
nem a superficialidade pode abafar.
Aqui não envelheço, não me perco, não me atenho e não me esqueço
sou como ninguém e ninguém é igual a mim,
recordações são detalhes, desejos são entalhes
das construções que, com eles, edifico.
Sou livre, nas mãos de Deus sou um pincel, embebido de cor
avivando, misturando, dançando e colorindo...
Inspiro o aroma de vida nova,
de expectativa transbordo a alma
e não é tarde
ainda não comecei a dizer
que tudo isso vivi
no simples detalhe
do costumeiro
suspirar.

Foto e Texto: Isabela Moraes

Beijinhos, Isa.